Garimpando meus cadernos antigos, entre figurinhas de Amar é..., papéis de carta, recortes de figuras artísticas de revistas e cópias de versos achados na Revista Seleções, encontrei meus próprios escritos que agora transcrevo com os devidos erros corrigidos.
NO ÔNIBUS
- Oi João, como vai a Joana?
- Oi José, a Joana vai bem e a Josefina?
- Ela vai bem, passa lá no meu banco hoje para batermos um papo.
- Qual banco?
- É fácil de achar, fica na praça.
- Que horas você estará lá?
- Às três da tarde.
- Falou, até às três.
Os dois desceram do ônibus, apertaram as mãos e cada um foi para um lado.
José, que era dono do banco, ficou esperando o amigo no lugar marcado. João foi ao banco da praça e não achou José; perguntou à balconista:
- O senhor José está aí?
- Não, aqui não tem nenhum José.
- Mas como não tem nenhum José?
- Desculpe moço, aqui não trabalha ninguém com este nome.
João saiu aborrecido do banco pensando se o amigo tinha lhe pregado uma peça. Logo que saiu, viu seu amigo sentado num banco e falou furioso:
- Eu não marquei com você, às três horas no banco da praça?
José disse confuso:
- Estou aqui à meia hora, este banco é meu, eu o comprei porque daqui se vê uma linda vista.
12/04/1985
13 anos
Ai! Cada mal entendido que se dá!
A CONQUISTA
Numa casa de campos, moravam Manuel, Rosa e seu filho Joaquim. O pai disse que quando o filho tivesse 18 anos, ele iria para cidade grande estudar e trabalhar.
Era um bom moço, educado, esperto, simpático e inteligente e agora que já estava na idade de sair de casa, arrumou suas coisas e quando pegou em uma mesa uma foto de seus pais, escorreram lágrimas de seus olhos. Arrumou tudo e foi para sala dizendo para o pai que já estava na hora de ir embora.
- Senta aqui - Manuel disse - vamos ter uma conversa de pai para filho, peço a você para ir, porque quero que você conheça a vida lá fora, seja um viajante para conhecer lugares e gente diferente, para que você seja um homem importante na sociedade, trabalhador. E você é capaz disso, meu filho. Guardei um pouco de dinheiro da safra que vendi semana passada, toma esse dinheiro para você, vai ajudar a começar uma vida.
Quando tinha acabado de falar, Rosa entrou na saleta:
- Não esquece de escrever, leva esse sanduíche para comer no caminho - disse chorando.
Depois de se despedirem, Joaquim pegou a estrada e andou até a cidadezi-nha próxima e pegou um ônibus para a cidade grande.
Logo depois, Manuel e Rosa receberam uma carta do filho que dizia que só tinha arranjado um quartinho sujo, longe do centro da cidade, porque fazia favores para a dona do quarto e que se não melhorasse e não achasse um emprego, voltaria para a casa.
O casal ficou preocupado a espera de uma outra carta.
Passaram duas semanas e receberam outra carta. O filho dizia que tinha arranjado um emprego sem garantias, que continuava no subúrbio, mas em um outro quartinho mais limpo. O filho disse que se não melhorasse o ordenado, e não achasse um emprego melhor ele não voltaria, porque agora estava decidido: "vou ganhar na vida, custe o que custar".
Mesmo assim o casal continuava preocupado, o pai estava pensando em dar uma força para o filho, mas não tinha condições de deixar a mulher e muito menos viajar. E ficaram a espera de uma outra carta.
O filho sempre correspondia, mas ele estava sempre na mesma. Passado três meses receberam uma carta do filho dizendo que está morando numa pensão barata, mas de boa instalação: comida e roupa lavada. E que mais tarde alugaria um apartamento, que estava estudando, conseguiu arranjar um ótimo emprego e já tinha até uma namorada. No final do ano compraria um carro e gostaria que seus pais fossem visitá-lo.
O casal ficou muito orgulhoso de seu filho e assim... como sempre... "viveram felizes para sempre".
Ago/1985
13 anos
"Quem vai à luta, consegue".
Nenhum comentário:
Postar um comentário